segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Diversidade não é desigualdade

Na vida cotidiana é possível conviver com a diversidade de modo civilizado. Todos querem ser politicamente corretos. Para isso, podem aceitar e até achar interessantes (para não dizer exóticas) as diferenças de culturas, as maneiras de viver, os valores, as religiões e as características físicas. Raramente nossa crença na importância da diversidade é colocada em cheque na convivência do dia-a-dia. Mas na escola a aceitação civilizada da diversidade está longe de ser suficiente e por isso precisa ser uma preocupação constante dos educadores.
Educar diferentes requer uma pedagogia diferenciada e esta sustenta-se em dois pilares indispensáveis. O primeiro constitui-se no conhecimento das necessidades, das formas de aprender e das dimensões psicológicas, materiais e socioculturasi dos seres humanos. Isso permite ao professor reconhecer a diversidade e usar recursos variados na sala de aula para que todos os alunos vejam sentido nos conteúdos de aprendizagem.
O segundo pilar que sustenta a pedagogia diferenciada é a identificação positiva com a diversidade, um sentimento de ser diverso e compreender a si mesmo por esse motivo.
Quando o professor entende essa condição, além de variar os recusos didáticos, ele consegue fazer da própria diversidade entre seus alunos um recurso de aprendizagem. A principal característica dessa segunda dimensão da pedagogia diferenciada  é a de que ela não é condescendente com a desigualdade.
A lição mais preciosa que todos retiramos da nossa experiência de ser diverso é a de que essa condição não pode - e não deve - justificar tratamentos injustos ou distribuição desigual de benefícios e ônus. A velha reivindicação das mulheres trabalhadoras de saláriao igual para funções iguais - que, diga-se de passagem, ainda está muito longe de ser atendida - nada mais é do que essa lição aplicada na prática de uma militância cidadã.
A ânsia de aceitar a diversidade não pode levar ao relativismo pedagógico.
Quaisquer que sejam suas diferenças, os alunos precisam aprender determinados conteúdos e construir um conjunto de competências para viver a cidadania com plenitude. Eles vêm para a escola esperando aprender aquilo que sua cultura e condição de vida não conseguem ensinar-lhes: compreender o mundo, a natureza e as pessoas e a relação entre elas, dominar as mais variadas linguagens para comunicar-se, lidar de modo competente com as dimensões quantitativas da vida.
E, por mais contraditório que possa parecer, fazer da diversisade, ela mesma, um dos possíveis recursos de ensino significa em primeiro lugar mostrar que todos são iguais porque todos podem aprender.
O acolhimento autêntico da diversidade é incompatível, portanto, com a desigualdade educacional e não tolera a desistência de ensinar aos alunos. Exatamente por serem tão diversos, eles parecisam que a gente invente mil modos diferentes de ensinar, parta que não haja iguais mais iguais do que outros...


Revista Nova Escola
Texto de Guiomar Namo de Mello.

2 comentários:

  1. assunto interessante, mereceu o post.

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  2. Gostei do post. É legal ter textos voltados para nós professores e atividades para nossos alunos tudo em um único blog.

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