sábado, 1 de novembro de 2014

Conto: O Caboclo, o Padre e o Estudante

Olá Pessoas queridas!

Hoje resolvi trazer um conto, que eu gosto muito, aliás eu adoro trabalhar com contos, principalmente os brasileiros, considero nosso patrimônio cultural riquíssimo e na minha opinião deve ser explorando em sala de aula.

Então vamos lá, este conto foi retirado do livro de Luis da Câmara Cascudo, uma figura muito importante, que foi um grande pesquisador das manifestações culturais brasileiras e escreveu as mais diversas histórias que escutou. Estes contos são ótimos para trabalhar com o Ensino Fundamental, para incentivar o gosto pela leitura, trabalhar interpretação de textos e diversas habilidades.



O Caboclo, o Padre e o Estudante.

Um estudante e um padre viajavam pelo sertão, tendo como bagageiro um caboclo. Deram-lhes numa casa um pequeno queijo de cabra. Não sabendo como dividi-lo, mesmo porque chegaria um pequenino pedaço para cada um, o padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho mais bonito, pensando engabelar todos com os seus recursos oratórios. Todos aceitaram e foram dormir. À noite, o caboclo acordou, foi ao queijo e comeu-o.

Pela manhã, os três sentaram à mesa para tomar café e cada qual teve de contar o seu sonho. O frade disse ter sonhado com a escada de Jacob e descreveu-a brilhantemente. Por ela, ele subia triunfalmente para o céu. O estudante, então, narrou que sonhara já dentro do céu à espera do padre que subia. O caboclo sorriu e falou:

Eu sonhei que via seu padre subindo a escada e seu doutor lá dentro do céu, rodado de amigos. Eu ficava na terra e gritava:

-- Seu  doutor, seu padre, o queijo! Vosmincês esqueceram o queijo.
Então, vosmincês respondiam de longe, do céu:

-- Come o queijo, caboclo! Come o queijo, caboclo! Nós estamos no céu, não queremos queijo.

O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade, levanei-me, enquanto vosmincês dormiam, e comi o queijo...


Colhida no Ceara, Gustavo Barroso, "Ao Som da Viola", Rio de Janeiro, 1921. p. 413


Nenhum comentário:

Postar um comentário